CRÔNICA DO COELHO - BAZAR 3X2 GAUDÉRIO

PELAS PRÓPRIAS MÃO
Estamos classificados, e pelas próprias mãos, sem precisar mais fazer contas, torcer por outros resultados, combinações matemáticas. Simplesmente, fizemos o trabalho de casa, vencemos e por nossas próprias forças estamos na próxima fase. Após um início turbulento, com alguns fiascos incríveis, o Bazar de fato reconstruiu-se pedaço por pedaço, reagrupou-se, buscou forças muitas vezes improváveis, e convincentemente está classificado.

Não foi um jogo muito bonito de se ver, pelo menos para meu gosto. Mas fomos bem, criamos um número enorme de oportunidades, poderíamos ter vencido com um placar mais elástico, tomamos alguns sustos, alguns desnecessários, pressionamos, sofremos pressão; enfim, para quem estava do lado de fora até o momento que fizemos o terceiro gol, ficava aquele frio na espinha, aquela sensação de que de tanto perder gols acabaríamos por ser castigados.

Devo ressaltar que hoje tomarmos um gol não mais nos desestabiliza. Isto é muito positivo. Sair atrás no placar não significa necessariamente estar jogando mal ou que vá perder o jogo, mas muitas vezes é um duro golpe em um time que não atravessa um momento bom no campeonato, psicologicamente. Graças a Deus não é mais o nosso caso, pois continuamos dentro do jogo e logo depois empatamos. Fica apenas o alerta: não podemos mais na próxima fase se dar ao luxo de ceder um gol quando já havíamos criado algumas oportunidades e estando melhor em campo. Foi o único ataque organizado do adversário, mas que fique a lição.
Outro ponto a ser ressaltado, principalmente pelo nosso jogo no primeiro tempo, é o fato de que estávamos conduzindo e acelerando muito a bola em jogo. Nossa principal estratégia é justamente parecer uma presa, jogando atrás de forma mais fechada e quando o adversário vem para o nosso campo, retomamos a bola e nos transformamos em predador. Para isto é fundamental a paciência, pois muitas vezes devemos tocar com consciência, sem se afobar a bola no meio, e sairmos com inteligência sem também sermos lentos. Sem paciência, achando que podemos decidir o jogo com bolas enfiadas, acabamos por assumir o risco de sermos de fato caça.

Até porque hoje, tendo em campo o Alberto que busca o jogo e o Morin que se coloca sempre como uma opção, não temos porque acelerar o toque ao ponto de uma linha direta. Quando tocamos a bola, fizemo-la correr com mais calma, com lucidez, nosso time criou as oportunidades e dominou o meio de campo.

No segundo tempo o adversário trocou muitos jogadores e nós, após assumirmos a liderança do placar recuamos muito, o que deu espaço para que ele nos empurrasse para dentro de nosso próprio campo e acabamos por sofrer o empate neste período. Entretanto, mais uma vez mostramos maturidade, retomamos nosso toque de bola, fomos envolvendo o meio de campo deles e, após novamente uma centena de gols perdidos, acabamos por merecer o gol da vitória, nos pés do Bon Jovi.

Perguntei ao Felipe no restaurante, em meio a nossa justa comemoração pela classificação, o que ele achava do nosso time hoje, classificado. Ele disse que hoje, dentro de nossa proposta estratégica, acredita que estejamos finalmente em condições de disputar o campeonato. Eu falava ao Morin, Douglas e Ronaldo no almoço que nosso time, tocando a bola, jogando fechado, é um time difícil de ser batido. Acho que, recuperada a auto-estima, estabelecida a estratégia de jogo e com o time base praticamente definido, podemos sim encarar qualquer adversário na próxima fase, porque temos bons jogadores, temos raça, sabemos o que queremos e agora, no comando do Felipe, sabemos de que forma podemos vir a ter o que queremos.

É muito importante neste momento, aplaudir todo o grupo pela classificação. Não vou analisar o jogo em si. Porque, quando eu olho para o nosso início do campeonato, a falta de rumo do grupo que culminou no jogo estarrecedor contra o Corinthians, o qual motivou a minha mais ácida crônica de todos os tempos fruto de meu desespero em ver para onde estávamos indo; sinto uma sensação incrível de alívio. Alívio por todos que mantiveram a rota, sofreram na carne as derrotas e os maus resultados. Eu tenho muito orgulho de nosso time, pois nosso lugar é pelo menos estar na próxima fase, no mínimo, pelo nosso potencial e pela nossa já tradição em campeonato.

Tenho de parabenizar a todos vocês porque pode parecer loucura o que eu vou dizer, mas é nisto que eu acredito: é muito mais fácil, uma vez fora da rota, seguir fora da rota. Poucos teriam o valor que este grupo teve de engolir o orgulho ferido e lutar interna e externamente para retomar sua rota. Há um enorme valor em nossa classificação, pois fomos um time que mostrou coragem, pois superamos tudo dentro de campo e quase tudo fora, com partidas dramáticas, empates suados e vitórias e viradas bonitas. Nosso time foi um time que teve vergonha na cara, como se diz popularmente.

Hoje posso com satisfação afirmar que tivemos coragem e determinação para obtermos nossa justa classificação. Não temo adversário algum, pois praticamente sairemos do zero (exceção ponto extra do Corinthians) contra todos, e podemos alçar vôos ainda mais altos, sim. Nosso grupo, pelo que o Felipe acabou de me dizer, será o Corinthians, o Deportivo e o Milionários e provavelmente ficamos então, pela classificação na tabela em quinto ou sexto lugar. Não é um grupo fácil, porque não há grupos fáceis na próxima fase, mas acredito muito em nossas forças.

E como eu tenho pegado no pé do Bonds devido aos seus atrasos, hoje vou pegar no pé do Adrion, que não pode ir a jogo e não fardar. Não cabe, de forma alguma, colocar no condicional “se precisar que eu farde, eu fardo”. Como diz aquele comercial: “não basta ter chimarrão”. Precisamos de ti, Adrion, mas que você sempre farde e esteja pronto pra nos ajudar, em qualquer circunstância do jogo, ok?

Parabéns ao time e a cada um de vocês pela classificação, eu espero que vocês comemorem ainda noite a dentro porque estamos vivos na briga pelo título. Parabéns ao Felipe, pela coragem de querer ajudar o time no seu pior momento, talvez até sendo mal compreendido por alguns, mas que soube, com coerência, dar um toque estratégico a uma equipe até então sem rumo e que precisava (e precisa) muito de alguém com seu conhecimento. Espero que já iniciemos a próxima fase com o empenho, simplicidade, força, união, e principalmente com este espírito de que nada seremos se não continuarmos nos reconstruindo em cada partida, pois sem suor e vontade não iremos a lugar algum. O Bazar está vivo novamente, vida longa ao Bazar!

Comentários

  1. Pô,bacana a classificação do Bazar! Ganhar do Gaudério FC é sempre complicado... Deixo aqui um abraço para o meu GRANDE amigo Diego Martau!
    Parabéns á todos!

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